Feliz Natal Para o Papai Noel!

A cada novo final de ano, entre os meses de novembro à dezembro, o que vemos é sempre a mesma coisa; as lojas com suas maravilhosas promoções e decorações, cada uma mais encantadora que a outra, pessoas comprando e comprando cada vez mais. Viagens programadas para outros estados ou países. Os aeroportos abarrotados, rodoviárias lotadas... Em todos os quadrantes temos aquela imagem de quem compra, feliz da vida. E de quem vende, mais ainda. O "rosto" de suas empresas e lojas recheadas de novidades para todos os gostos.

Isso é o natal!

Neste período, principalmente a partir do dia 24 de novembro até o dia 25 de dezembro, o bom velhinho, Papai Noel, o grande marqueteiro natalino, multiplica-se para encanto das crianças. E quando falo crianças cito os filhos daqueles que estão em situação de compra, junto ao mercado consumidor.

A TV e a mídia como uma ferramenta importante, nos fazem lembrar a cada dia que precisamos, neste período nos confraternizar. Uma confraternização, é claro, para quem está em dia com seus vencimentos e principalmente com o limite do cartão de crédito. Uma confraternização para quem pode comprar e barganhar uma melhor posição entre os seus, desde que seus bolsos estejam com folga livre para mais compras e passeios programados ao Mirabilandya, Beto Carreiro Word (e eu fazendo propaganda gratuita), Shoppings, etc... Afinal, nada melhor que curtir a família com preocupação "zero".

No outro lado desta mesma moeda encontramos, nas pequenas cidades, crianças carentes, esperando iludidamente a visita do bondoso velhinho, nos recantos mais afastados, nas favelas, ou casas de assentamentos, vivendo em situações que a amnésia do bom homem não é permitida lembrar já que estes não tem poder para barganhar seus presentes prediletos. E como podemos saber, mesmo que estas crianças tenham uma meia, e lá dentro coloquem seus desejos, fazendo seus pedidos, o difícil acesso do trenó do Papai Noel não lhe permite chegar ali. Por mais que ele encantadamente voe com suas renas, por alguma razão as estradas e ruas de chão batido, sem os belíssimos asfaltos dificultam-lhe a chegada em casa destes humildes filhos de outro papai que não se chama noel. Talvez por serem filhos de João, Antônio, Francisco, Severino não existe possibilidade alguma do velho homem de barbas brancas abraçar os filhos dos outros, ainda mais pobres!

Felizmente, alguns "padrastos natalinos", multiplicam-se nos bairros pobres, para tentar trazer alegria a estes "órfãos", meninos e meninas, que em toda a sua inocência sorriem com um pequeno mimo de natal, e choram de alegria quando em seus braços recebem o carrinho de bombeiro, a boneca, o jogo de cozinha para cozinhar de brincadeirinha, as motos possantes que cabem na palma da mão e aqueles incríveis carros que mesmo não sendo da hot wheels, vão fazer barulho entre seus lábios por um mês inteiro até os mesmos ficarem cansados e dormirem para esquecer que não viu nenhum velhinho de barba branca, roupas vermelhas, saco nas costas entrando por suas chaminés. Até porque, não existe nada disso em suas casas, já que ainda tem algumas mães que cozinham num arrumadinho de carvão ou lenhas, entre duas pedrinhas no chão batido de suas cozinhas ou quintal. Isso quando estes ainda tem o direito de morar em uma casa.

Por isso, eu quero desejar um feliz natal para o Papai Noel!

Sim, porque se o mesmo tiver a honra de no próximo ano gozar de uma boa memória, certamente não vai esquecer de tantos filhos e filhas de pais que não se chamam Noéis, que moram por este mundão a fora. E quem sabe se neste ano ainda eu possa me surpreender vendo-o entrar numa rua de difícil acesso, com sua roupa quente no calor do nordeste, com aquele saco recheado de brinquedos, subindo uma ladeira a pé, para não humilhar os que não tem outra forma locomoção, e simplesmente deixar um presente, por mais humilde que seja, permitindo que uma criança tenha um sorriso em seus lábios neste final de ano.